Plano de Ação tem foco na prevenção e preparação para emergências em escolas do sul de Minas

Fraternidade – Missões Humanitárias Internacionais (FMHI) e a Rede Interinstitucional para a Educação em Situações de Emergência (INEE) desenvolveram um Plano Conjunto, visando a prevenção e a preparação para situações de emergência nas escolas de municípios no entorno de Carmo da Cachoeira, região sul de Minas.

A proposta de atuação do Ponto Focal Fraternidade – Missões Humanitárias (FMHI)-INEE Brasil iniciou em 2022, com contatos institucionais e escuta ativa, e foi aprofundada em 2023 por meio da análise de demandas específicas dos territórios, resultando na elaboração de dois planos de ação: o Laboratórios de Oficinas e o Plano de Apoio à Secretaria de Educação em Carmo da Cachoeira, ambos tendo como princípios os Requisitos Mínimos de Educação em Emergência e Normas Mínimas de Proteção.

O Laboratório de Oficinas visou preparar facilitadores para atuar com temáticas como o papel da educação na prevenção de desastres e gestão de riscos e atuações em situações de emergências e foi destinado às filiadas da Fraternidade – Federação Humanitária Internacional (FFHI)Comunidade-Luz FigueiraCampanha Juventude Pela Paz, Comunidade-Luz Aurora, Casa Luz da Colina e Escola Parque Tibetano.

O Plano de Apoio à Secretaria de Educação em Carmo da Cachoeira consistiu em encontros de capacitações que envolveram cinco escolas municipais, sendo três da área urbana e duas da zona rural, visando fortalecer as escolas, promover a participação comunitária e desenvolver ferramentas práticas que contribuam para a construção de um ambiente escolar seguro, com estratégias construídas em colaboração com gestores, professores e pais.

Fátima Cavalcante, servidora humanitária voluntária e coordenadora do projeto, explica que “os ataques às escolas que aconteceram em muitos estados do Brasil e também atingiram o sul de Minas, nos fizeram pensar as propostas do Plano Fraternidade – Missões Humanitárias Internacionais (FMHI) – INEE como um meio válido para atender às comunidades escolares afetadas. Também abordamos outros desafios contemporâneos, como os impactos da pandemia, as diferentes formas de violência nas escolas e destacamos a importância da prevenção e do cuidado com os educadores e familiares para a proteção das crianças”.

Partindo desses pressupostos, os 15 encontros de capacitações, realizados no período de agosto a novembro de 2023, deram ênfase à promoção de espaços seguros e bem-estar, através de estratégias simples como escuta ativa, diálogo, arte, música e dança, e contaram com a participação de 90 professores e 50 pais, impactando cerca de 300 pessoas.

“Esses dados demonstram que o plano alcançou êxito ao fortalecer os laços entre professores, gestores, pais e escolas, proporcionando um ambiente seguro para reflexão, revisão e reconstrução de propostas e ações a serem postas em prática no dia a dia das escolas”, ressalta Fátima.

Educação para a paz e o bem comum

As oficinas realizadas com professores, pais e gestores escolares enfocaram uma educação baseada em valores, abordando temas como autoconhecimento, consciência ambiental e o fortalecimento da rede de proteção que abrange família, escola, comunidade, cidade e planeta, promovendo uma cidadania global em prol da paz e do bem comum.

Foram utilizadas diversas ferramentas da arte-educação, como contos, dramatizações, poesias e músicas, que estimularam reflexões, autoindagações e autoexpressões, criando uma boa ambientação entre os participantes e promovendo a aspiração ao desafio diário do “conhece-te a ti mesmo”.

Para os educadores, as oficinas destacaram a importância do próprio crescimento e da autotransformação como meio de ampliar horizontes na prática educativa, sendo cada pessoa um agente de mudança e inspiração para os demais.

Wilza Helena Oliveira Vilela, supervisora da Escola Municipal Dr. Moacir Rezende, ressalta a importância da parceria com a Fraternidade – Missões Humanitárias Internacionais (FMHI) na aplicação dos Requisitos Mínimos de Educação. Ela destaca que a parceria trouxe esperança após a pandemia e permitiu que os professores se expressassem de forma mais tranquila, promovendo um ambiente fraterno. Wilza ainda pontua a aplicabilidade das atividades vivenciadas nas oficinas, especialmente a interação com os pais, que trouxe uma perspectiva mais aberta e emocional, resultando em uma relação mais significativa entre escola e família.

 “Além da troca de experiências com professores de outras escolas, as oficinas também enfatizaram a necessidade de mantermos um ambiente escolar feliz, que valorize o bem-estar emocional. Esses são fatores essenciais para o sucesso pedagógico. A escola deve transmitir segurança e ofertar um ambiente acolhedor e tranquilo. Isso vai contribuir também para a mudança de mentalidade dos nossos estudantes”, pontua Wilza.

Um refúgio para a infância

Uma atividade específica sobre proteção infantil e escola segura despertou entusiasmo nos participantes, que recriaram um dia difícil na escola, acionando capacidades de resiliência para transformar riscos em oportunidades de crescimento.

 Foram trabalhados desafios cotidianos e habilidades socioemocionais para promover autorreflexão, autoconsciência e expressividade. Essa oficina abordou a escola como um espaço onde diferentes desafios se refletem e como pode ser um refúgio para a infância.  

Valéria Vieira, supervisora da Escola Municipal Professora Wanderleia Aparecida do Prado Nascimento, enfatiza a relevância da formação e das práticas vivenciadas que, segundo ela, “trouxeram um olhar mais lúdico e artístico ao ambiente escolar”. A supervisora também menciona a importância da realização de atividades que envolvem os valores humanos e a expressão emocional e proporcionam uma prática mais completa e eficaz.

“As oficinas acenderam um sinal de alerta, indicando a urgência de mudar padrões educacionais para incluir valores humanos, artes, música e uma vivência fraterna na escola. Isso não é separado dos conteúdos acadêmicos, mas é fundamental para o desenvolvimento real das habilidades necessárias para enfrentar desafios na vida”.

E complementa: “A transformação não é consciente, mas começa quando nos abrimos a ela. Essa transformação nos ajuda na construção de uma cultura de paz dentro da escola, proporciona a prevenção de problemas e desafios e promove o bem-estar”.

Essa experiência, segundo Valéria, trouxe-lhe alegria e esperança e despertou em seu interior “elementos essenciais que muitas vezes são esquecidos”. Ela conta que está levando esses aprendizados para sua vida, família e à prática como professora.

“Ao dramatizar, questionar, revisar e reconstruir o cotidiano escolar, os educadores ressaltaram a importância do diálogo, da comunicação eficaz e da construção e reforço das redes de proteção. A integração de professores, pais, alunos, comunidade e órgãos de apoio fortaleceu a escola, criando um ambiente mais acolhedor e inclusivo”, finaliza Fátima.