Na era digital em que vivemos, o domínio da tecnologia e o conhecimento em informática se tornou uma ferramenta fundamental para o desenvolvimento pessoal e profissional. A Fraternidade – Missões Humanitárias Internacionais (FMHI) reconhece a importância de oferecer oportunidades de treinamento em tecnologia a indígenas migrantes e refugiados provenientes da Venezuela e para etnias guianeses e brasileiras que vivem na região.
Em colaboração com o Centro Educacional Macunaíma, a Fraternidade – Missões Humanitárias (FMHI) está realizando um curso de informática para adultos no Centro Cultural e de Formação Indígena (CCFI). Esse curso foi criado para fornecer a essa comunidade indígena as habilidades tecnológicas básicas para prosperar em um mundo cada vez mais digitalizado e expandir as oportunidades de emprego e uma melhor qualidade de vida.
Construindo uma base em informática
O curso de informática para adultos começou em 10 de abril, tem uma carga horária de 200 horas distribuídas em três meses e recebe alunos a partir de 14 anos.
A professora Fernanda Matis da Silva, formada em informática e com uma vasta experiência na área, faz parte da equipe que tem conduzido este curso com entusiasmo e dedicação. A professora Fernanda compartilhou alguns resultados notáveis alcançados pelos alunos.
O conteúdo do curso abrangeu uma ampla gama de tópicos, desde a história da computação até o uso das ferramentas de informática mais populares. Os alunos se familiarizaram com o pacote básico do Office, que inclui editor de texto, planilhas de cálculo e software de apresentação. Os alunos também aprenderam a navegar na Internet, criar banners, incorporar animações, vídeos e hiperlinks e converter suas apresentações em arquivos PDF.
Os participantes trabalharam em seus currículos, portfólios e apresentações pessoais adaptados a formatos que podem ser enviados por meio de diversas mídias digitais, ampliando assim suas chances de contato com futuras oportunidades de trabalho.
Impacto cultural e irmandade
O curso tem sido um ponto de encontro entre diferentes grupos étnicos indígenas, incluindo waraos e pemons venezuelanos.
A professora Fernanda destacou a solidariedade e apoio mútuo que se manifestou entre os alunos e destacou o caso de duas irmãs warao como prova disso. Uma delas conseguiu entender melhor o conteúdo, então traduziu as informações para sua língua nativa para que sua irmã também aprendesse e acompanhasse o ritmo do grupo.
Esse exemplo de fraternidade, assim como outros ocorridos durante o desenvolvimento das aulas, marcaram a memória da professora Fernanda, que reconheceu o enriquecimento cultural e o aprendizado que os professores também obtiveram de seus alunos.
Dedicação e superação
Para alguns professores esta é a primeira experiência de trabalho com grupos indígenas. Sobre esse ponto, a professora Fernanda destacou uma diferença particular entre o grupo indígena e outros alunos não indígenas com quem trabalhou no passado: “Os indígenas se destacam como alunos mais dedicados”. E acrescentou: “Para eles tudo era novo, mantinham o foco e a vontade de aprender. Eles se apoiavam mutuamente quando alguém não entendia”.
Esse foco e dedicação permitiu que eles superassem outras barreiras, como a língua portuguesa. Foi relatado que, quando chegou o momento da primeira avaliação, poucos conseguiram conclui-la, pois a prova era em português. Percebendo essa barreira linguística, a professora mudou sua estratégia e, para a segunda avaliação, traduziu as questões para o espanhol. Com essa adaptação, todos concluíram o teste com sucesso, demonstrando bom entendimento dos novos conhecimentos adquiridos.
Os alunos passaram a contar com o uso de tradutores online para melhor compreensão dos conteúdos, enquanto desenvolviam fluência na língua portuguesa. Desta forma, eles incorporaram uma nova ferramenta em sua estratégia de aprendizagem.
Ferramentas para o sucesso
Arasary, aluna desta primeira edição do curso de informática, compartilhou o impacto desta oportunidade de aprendizagem:
“Sinto-me motivada a continuar e também a ajudar outras pessoas para que possam vivenciar este curso de informática e, assim, abrir a mente, pensar além.
A informática é incrível, permite-nos conhecer o mundo que nos rodeia. Com esse aprendizado tenho a possibilidade de desenvolver e experimentar novos projetos. A informática nos dá a possibilidade de conhecer o impossível”.