“Erradicar a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares” é o primeiro dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) que fazem parte do Pacto Global da ONU, com metas a serem atingidas até 2030, do qual os seus 193 países membros são signatários.
Neste 17 de outubro, Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, somos chamados a refletir sobre esse que é um dos maiores desafios do nosso tempo.
De acordo com a ONU, 1,3 bilhão de pessoas em todo o planeta ainda vivem em situação de pobreza extrema. No conceito da organização, pobreza não envolve somente a carência de recursos e de rendimentos que asseguram meios de subsistência. Estão incluídos também a fome, a desnutrição, o acesso limitado à educação e a outros serviços básicos, a discriminação, a exclusão social e a falta de participação na tomada de decisões.
A Fraternidade – Missões Humanitárias Internacionais (FMHI) está alinhada com a Agenda 2030 nas várias missões realizadas pelo mundo. Em resposta à crise humanitária que levou milhares de indígenas venezuelanos a cruzarem a fronteira para o Brasil, criou em 2016 a Missão Roraima Humanitária, que desenvolve alternativas para o acolhimento e inserção socioeconômica destes povos.
Esse cenário levou à criação do Setor de Intervenção Meios de Vida e Soluções Duradouras, por meio do qual diversos cursos são oferecidos no Centro Cultural e de Formação Indígena (CCFI), localizado em Boa Vista, Roraima – Brasil, para que os indígenas migrantes e refugiados tenham condições de acesso ao mercado de trabalho e possam continuar suas vidas de forma independente.
O CCFI tem como objetivo incentivar o desenvolvimento integral dos participantes por meio da mobilização de competências humanas e ferramentas técnicas relevantes ao seu percurso de vida e inserção produtiva no mundo do trabalho, para que o indivíduo possa conquistar sua autonomia, assumindo responsabilidade e protagonismo na vida pessoal e coletiva.
Educação para todos
Um dos instrumentos mais importantes para quebrar o ciclo de pobreza é a educação. Pessoas em situação de vulnerabilidade socioeconômica que têm acesso à educação e formação profissionalizante têm mais possibilidade de se desenvolver e construir um futuro longe da pobreza, tanto para si quanto para suas famílias e para as comunidades nas quais estão inseridas.
O CCFI fomenta a expressão artística e cultural, a capacitação técnica profissionalizante, a manifestação cultural, a proteção, o fortalecimento e o intercâmbio de culturas indígenas de diferentes etnias venezuelanas, brasileiras e guianenses.
Entre as formações estão: Confeitaria, Preparo de Salgados, Técnicas de Panificação, Empreendedorismo, Corte e Costura básica, Corte de Cabelo, Alfabetização e Português.
Combatendo a desigualdade de gênero
A desigualdade de gênero tem inúmeros reflexos na sociedade e a pobreza é uma delas. A discriminação contra a participação das mulheres nos diferentes âmbitos da sociedade as impede de saír da situação de pobreza e de fome.
A falta de incentivos para a participação das mulheres, tanto na educação quanto no mercado de trabalho, limita suas opções de desenvolvimento.
A criação de programas e políticas públicas que combatam a desigualdade é uma maneira de romper essas barreiras e possibilitar que todos convivam em uma sociedade mais justa, com oportunidades para todos terem uma vida digna.
Entre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável estabelecidos pela ONU, o de número 5 aborda a igualdade de gênero e o empoderamento de meninas e mulheres para a superação da pobreza.
Nesse sentido, o Centro Cultural e de Formação Indígena (CCFI) desenvolve, em parceria com organizações como a ONU Mulheres, formações com uma abordagem interseccional dos direitos humanos que contemplam todos os grupos de mulheres, para que haja avanço nos temas de igualdade de gênero, de empoderamento de mulheres, de melhoria de condições de vida ou de proteção das mesmas.
Sobre as formações, a consultora da ONU Mulheres para o programa Moverse, Erika Hurtado, ressalta a importância da agenda 2030, que funciona como um conjunto de princípios norteadores: “Para se chegar à sociedade que almejamos, é muito clara em recomendar que as nossas ações sejam sempre inclusivas e trabalhemos as especificidades das mulheres ao elaborar e apoiar atores locais na elaboração de estratégias para redução das desigualdades de gênero e de empoderamento econômico. Uma parte dos problemas que enfrentam as mulheres indígenas refugiadas e migrantes no Brasil são específicos e, por isso, é importante partir de uma abordagem específica e que seja construída, especialmente, sobre a escuta dessas mulheres e de suas principais demandas”.
Uma reflexão
O Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza é um momento para refletir sobre as condições em que a sociedade vive e, principalmente, promover ações para que o propósito de extinguir a pobreza seja alcançado.
É um grande desafio deste nosso tempo, agravado pela pandemia, pelos conflitos armados, pelas mudanças climáticas e pelo aumento de preços de alimentos e energia.
Mas cada um de nós e todos nós juntos podemos contribuir para que todas as pessoas tenham acesso a melhores condições de vida. É um gesto de amor, respeito e cuidado com o próximo.