Representante da Fraternidade – Humanitária (FFHI) participa de Programa de Rádio da Operação Acolhida

O missionário matriz, Imer, representou a Fraternidade – Federação Humanitária Internacional (FFHI) no programa de rádio Momento Acolhida, apresentado pela Operação Acolhida e veiculado pela Rádio Folha FM, no dia 22 de Outubro. O programa abordou a gestão dos abrigos indígenas tendo como exemplo a experiência do abrigo Janokoida, que fica em Pacaraima, na divisa com a Venezuela.

Entrevista com Imer

Entre os convidados para o programa estavam também uma liderança indígena, a aidamo Warao, Teolinda, e o Tenente do Exército, Oziel. O programa foi criado para esclarecer as dúvidas da população sobre a primeira Missão Humanitária do governo federal dentro do Brasil.

Acompanhe um resumo das questões direcionadas à Fraternidade – Humanitária (FFHI):

Natanael (apresentador do programa) –  A criação desses abrigos é resultado da parceria entre os atores da Operação Acolhida. A Fraternidade – Humanitária (FFHI), por exemplo, administra o abrigo Janokoida juntamente com a Força Tarefa Logística Humanitária do Ministério da Defesa. Imer, na prática quais são os serviços ofertados no Janokoida?

Imer (Fraternidade – Humanitária FFHI) –  A Fraternidade – Humanitária (FFHI) é uma das fundadoras do Abrigo Janokoida juntamente com o ACNUR. Entre os serviços ofertados estão: saúde, esporte, educação, moradia, alimentação, proteção, gestão de conflitos, referenciamento (encaminhamentos para documentação) e atividades de capacitação em parceria com outras agências.

Natanael (apresentador do programa) –  O respeito à cultura, como a gente já ouviu da aidamo, é fundamental. E isso envolve não só produção de artesanato, mas também a culinária, as atividades externas, entre outras.

Imer (Fraternidade – Humanitária FFHI) – Quando essa população chegou compreendemos que possuem suas próprias tradições e buscamos respeitar ao máximo possível, pois enfrentam inúmeros desafios estando em outro país. Tentamos manter suas tradições e cultura. A alimentação, por exemplo, recebem pronta da Operação Acolhida que fornece marmitas, mas têm espaço para preparar e cozinhar seu alimento tradicional. Realizam suas celebrações, praticam sua medicina tradicional e produzem o artesanato típico de seu povo. Conseguimos uma licença especial junto à Secretaria de Meio Ambiente para que os indígenas pudessem fazer a colheita do broto da folha do Buriti, que é uma árvore muito importante em sua cultura porque é dela que extraem a fibra para a produção de artesanato. O Artesanato é um ponto de reconexão com a sua própria cultura ancestral, por isso a importância de investir nessa colheita.

Natanael (apresentador do programa) –  O trabalho de interiorização não vai parar durante o fechamento da fronteira e a pandemia de Covid-19. A cada semana novos grupos são qualificados e ficam prontos para iniciar nova vida no Brasil. Como estamos falando em interiorização é bom deixarmos claro que com os indígenas o procedimento é diferente. É isso mesmo, Imer?

Imer (Fraternidade – Humanitária FFHI) – Exatamente. A interiorização foi criada para os migrantes não indígenas. Indígenas não podem ser interiorizados pois isto alteraria as suas especificidades e sua condição cultural, o que poderia configurar como etnocídio, pois se são disseminados, pulverizados em diferentes lugares, perdem vínculos familiares e sanguíneos, e vão perdendo suas características. Por isso o governo federal ainda não realizou a interiorização dos indígenas no Brasil. Eles são protegidos por tratados internacionais e precisam ter seus direitos e proteção garantidos.

Natanael (apresentador do programa) – No Abrigo Janokoida, os acolhidos também têm a oportunidade de aprender português e recebem ainda aulas de informática?

Imer (Fraternidade – Humanitária FFHI) – Sim. Oferecemos aulas pontuais de português (seria uma terceira língua e os capacita para o mercado de trabalho). Iniciamos algumas parcerias que trarão grandes impulsos para o trabalho. Iremos montar um espaço com computadores doados pela Fiesp e Senai onde ocorrerão as capacitações e os cursos on-line. Implementamos também uma parceria com a Universidade Virtual de Roraima, UNIVIRR, que irá oferecer diversos cursos com certificação.

A reestruturação da vida dos abrigados por meio do resgate da dignidade e da inclusão social são compromissos da Fraternidade – Humanitária (FFHI) com os refugiados.

Ouça a entrevista na integra: