Fátima Cavalcante, missionária voluntária da Fraternidade – Federação Humanitária Internacional (FFHI), falou sobre a Arte-Educação nos abrigos sob a gestão da instituição, em entrevista ao Programa de Rádio da Operação Acolhida, veiculado pela Folha FM.
Acompanhe um resumo do que foi abordado pela Missionária.
Arte-Educação na Missão Roraima Humanitária
Transformar situações traumáticas em novas oportunidades de crescimento e renovação, é uma das tarefas da Fraternidade – Federação Humanitária Internacional (FFHI) com a população venezuelana refugiada, acolhida nos cinco abrigos sob a gestão da instituição. Sair de seu país para buscar melhores condições de vida, pode ser profundamente traumático. É um salto para o desconhecido, e neste processo a incerteza e a insegurança podem deixar marcas profundas.
A Operação Acolhida, criada pelo governo brasileiro, procura recebê-los de braços abertos. E a Fraternidade – Humanitária (FFHI) é uma das organizações parceiras desse esforço coletivo de acolhimento.
As crianças, especialmente, são extremamente vulneráveis a situações de insegurança e perda dos seus ritmos naturais de vida. O que se deve fazer para evitar que as situações desafiantes se transformem em traumas, é fornecer segurança, estabilidade e paz.
A Fraternidade – Humanitária (FFHI) incentiva processos e práticas educacionais continuadas para crianças, jovens e adultos nos cinco abrigos sob a sua gestão. Procura-se criar ambientes de aprendizagem seguros, que promovam a inserção, aparticipação e a criatividade, por meio de práticas educacionais informais, e atividades lúdicas que envolvem:
- Contação de histórias
- Desenho e Pintura
- Música
- Expressão corporal
- Trabalhos manuais
- Artesanato
- Oficina de Fotografia para jovens
- Educação ambiental
- Atividades práticas com cores, números e formas.
- Incentivo à leitura, para que crianças e jovens não sejam impactados severamente no seu processo de aprendizagem (sobretudo nesse momento de pandemia).
- Esportes
Brincadeira é coisa séria
O brincar tem papel fundamental no resgate da essência infantil. É também uma poderosa ferramenta na cicatrização de feridas, uma vez que possibilita à criança dar sentido à vida. Pelo brincar, a criança manifesta a sua personalidade e se organiza ao elaborar o seu mundo. É necessário fornecer condições para que as crianças possam se construir em uma base sólida e positiva, formar opinião a respeito do que as circunda e, com segurança, dar vazão à sua necessidade natural de movimento, percepção e exploração do mundo, crescendo com alegria.
Música: expressão da alma e instrumento de cura junto a refugiados
A música é um instrumento de comunicação com os níveis mais internos da existência. O batuque, as harmonias, as escalas e os ritmos mais diversos, integram o gosto de todos, independente da idade, etnia, gênero,condição social e contexto de vida.
A prática musical, mais do que entretenimento, pode simbolizar a cura e um a poio especial aos refugiados dos abrigos sob a gestão da Fraternidade – Federação Humanitária Internacional (FFHI), em parceria com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).
Nos abrigos Janokoida e Pintolândia, onde estão abrigados os indígenas das etnias Warao e E’ñepa, a música veio na bagagem. “Eles têm os cantos tradicionais deles, em suas línguas”, comenta a coordenadora.
A música transcende fronteiras geográficas, culturais e linguísticas. Muitas das crianças indígenas abrigadas não falam português, nem espanhol – o que limita a comunicação falada junto aos missionários, mas não os efeitos dos sons.
No abrigo Tancredo Neves, um senhor aprecia fazer paródias musicais. “Ele te vê e começa a cantar, é muito interessante”, conta Patrícia Balloni.
Evidências científicas constatam a eficácia das técnicas musicais no suprimento das necessidades físicas, emocionais, mentais e sociais. Elas contribuem para melhorar o relacionamento, mobilização, relaxamento, expressão, organização e aprendizagem.
Como a Educação em Emergência ajuda as Missões Humanitárias
Ativar e fortalecer estratégias de mitigação e cura dos efeitos causados por eventos traumáticos, é o principal objetivo do método da Pedagogia de Emergência. Segundo a sua abordagem, utiliza uma série de recursos, como expressão artística e corporal, para que as crianças e jovens se recuperem de uma crise.
“Promovemos as atividades baseadas na Arte-Educação em Emergência e, dentro dela, a Pedagogia de Emergência, nos dá um grande apoio, oferecendo um método com uma base filosófica e científica”, afirma o missionário Anderson Santiago, da equipe de Arte-Educação em Emergência.