Somando esforços e saberes, com objetivos e metas bem definidos, foi implementado o Curso de Educação em Situações de Emergências e Respostas Humanitárias, promovido pela Fraternidade – Missões Humanitárias (FMHI), em parceria com a Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti (Portugal) e em colaboração com o Centro Universitário Frassinetti do Recife – UNIFAFIRE (Brasil) e a Escola de Magistério Santa Doroteia do Lobito (Angola).
A formação ocorreu entre os dias 2 de março a 30 de abril, de forma híbrida, com encontros online e dois encontros presenciais que uniram três continentes representados pelo Brasil, Portugal e Angola, rompendo as fronteiras pela troca de saberes e de experiências multidisciplinares que acompanhou todos os encontros. A Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti, o Centro Universitário FAFIRE e a Escola de Magistério Santa Doroteia do Lobito, que fazem parte da rede da Congregação das Irmãs de Santa Doroteia, trocaram saberes recíprocos, apoiando ativamente a formação e coordenando aulas, como também puderam receber capacitação de profissionais de outros países.
“Destaco a riqueza deste diálogo intercultural com colegas docentes de outros países, vivenciando problemas intensos e diferenciados, o que nos possibilita também escutar experiências reais de enfrentamento dos problemas e olhar de outro modo para nossas realidades, ao mesmo tempo em que aprendemos com quem tem habilidades já desenvolvidas”, comentou Ana Paula Lourenço de Sá, docente da UNIFAFIRE.
A importância da Educação em Situações de Emergências
O curso de Educação em Situações de Emergências e Respostas Humanitárias capacitou servidores humanitários, estudantes e profissionais das áreas de Pedagogia, Letras e Saúde segundo os princípios humanitários que regem a resposta internacional para situações de crises, tendo presente que a educação e a saúde se completam, gerando possibilidades que podem abranger o todo.
“É muito necessário que no âmbito educacional se conheçam abordagens de educação voltadas para a superação do trauma para que o indivíduo, criança, adulto, ou mesmo adolescente possam viver ali um processo de superação saudável; que aquele trauma, ou aquela situação não represente uma cicatriz, que no futuro possa interferir em suas jornadas de vida”, destaca o gestor geral da Fraternidade – Missões Humanitárias (FMHI), frei Luciano.
José Luis de Almeida Gonçalves, diretor da Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti (Portugal), lembra que, “o direito à educação é um direito humano básico, também em situações de emergência”.
José Paulino Peixoto, professor do Centro Universitário Frassinetti do Recife, coordenador do curso de Pedagogia da universidade, compartilhou que participar dessa formação lhe inspirou a ressignificar o sentido da sua presença/existência no mundo.
O curso abordou temas teóricos ligados à promoção e ao aprofundamento do conhecimento sobre situações de emergência e crises humanitárias em nível global e à sensibilização dos participantes para o impacto direto e indireto das situações de emergência e crises humanitárias nas sociedades e, por conseguinte, nos contextos educativos.
“Tendo em conta a situação que o mundo vive hoje, sobretudo em algumas realidades concretas, o curso de educação em situações de emergências e respostas humanitárias tem muita importância, porque desperta a compaixão, o sentir com o outro, a estar atenta às situações de emergências no quotidiano e procurar dar uma resposta eficaz”, discorre Mariquinha Fátima, docente da Escola de Magistério Santa Doroteia do Lobito.
Muito além das fronteiras
Além de conhecimentos teóricos, o curso buscou contribuir para a melhoria das práticas de intervenção pedagógica em contexto de crise e emergência por meio da partilha de experiências humanitárias nas missões desenvolvidas pela Fraternidade – Missões Humanitárias (FMHI).
Sobre a partilha de experiências no curso, o professor José da Costa Undangala destacou que “o formato como as abordagens temáticas são conduzidas, as experiências pessoais e coletivas partilhadas de forma aberta, as opiniões emitidas e debatidas nos grupos de forma livre acabam servindo de terapia, em especial para mim que já vivenciei várias situações traumatizantes, bem como oferecem a possibilidade de contribuir com estes saberes nos programas educativos à comunidade educativa, onde estou inserido.” José da Costa é Subdiretor Pedagógico do Complexo Escolar Paula Frassinetti em Angola.
Júlio Gonçalves Pedrosa dos Santos, docente e coordenador do Centro de Educação Global e Cooperação da Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti, vislumbrou desdobramentos importantes que, a partir de agora, podem estar surgindo com o curso. Ele destacou que “esta formação e as parcerias que estão para serem firmadas através de todas as instituições envolvidas trazem à tona os desafios globais que a educação enfrenta, particularmente para os que vivem em situações de crise e emergências nas várias geografias do mundo, que segundo as Nações Unidas são cerca de 222 milhões, mas também evidenciam uma aposta coerente e sólida de querermos trabalhar e cooperar juntos em prol de um mundo menos desigual, mais justo e pacífico”.
A instrução e troca de experiências vivenciadas no curso tocaram, além das mentes, também os corações daqueles que tiveram a oportunidade de concluir a formação, que deixa a responsabilidade em cada um de ser multiplicador do conhecimento e das práticas internalizadas, como expressou Teresinha Zélia Pinto de Queiroz, psicóloga que participou do curso: “o velho se tornou novo, novas roupagens coloridas e leves. Assim o curso voou, lançou suas asas no céu azul da minha vida. Não sairei indiferente ao propósito desse encontro, um encontro que marcou a minha vida, um encontro que definirá novos rumos, novo olhar, novas opções de olhar para o outro como a mim mesma, com todas as diferenças e semelhanças presentes na nossa essência.”