Fraternidade – Federação Humanitária (FFHI) promove meios de vida para mulheres indígenas

Para a Fraternidade – Federação Humanitária Internacional (FFHI), o Dia Internacional da Mulher é uma data para celebrar e também para elucidar seu comprometimento em promover meios de vida para as mulheres indígenas que vivem em situação de migração e refúgio em Roraima.

 O Centro Cultural e de Formação Indígena (CCFI), criado em 2021, promove ações para minimizar as desigualdades de gênero criando oportunidades de geração de renda para as mulheres indígenas atendidas no espaço. Estas atividades visam promover a autonomia e o protagonismo destas mulheres, sempre respeitando as peculiaridades de suas culturas.

A igualdade de gênero corresponde ao quinto dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável criados pela ONU para cumprir com os acordos da Agenda 2030. É um pilar para que os outros objetivos sejam alcançados.

 A Fraternidade – Federação Humanitária (FFHI) está alinhada com esta pauta e almeja alcançar a igualdade de gênero e empoderar meninas, jovens e mulheres, que são atendidas pelo CCFI.

Imer, servidor humanitário e coordenador do CCFI, relata as atividades desenvolvidas com as mulheres no Centro: “O CCFI incentiva e promove a participação de mulheres indígenas jovens e adultas nos cursos de capacitação técnico-profissionalizantes. Neste ano, estamos, nesse sentido, realizando ações conjuntas com a ONU Mulheres com seis cursos certificados a serem realizados no Senac nas áreas de alimentação, costura e beleza, com exclusividade para mulheres indígenas migrantes e refugiadas”.

 “Saudamos todas as mulheres indígenas!”

A coordenadora regional da Missão Roraima Humanitária, Irmã Maria Raquel, destaca a importância do Dia Internacional da Mulher como símbolo de superação e resiliência de mulheres no decorrer da história e discorre sobre o perfil ‘guerreiro’ das mulheres indígenas e os desafios vivenciados por elas em território brasileiro. 

“As mulheres historicamente enfrentam as desigualdades e a violência de gênero buscando através das políticas públicas estabelecer uma outra correlação de entendimento da cidadania na área dos direitos políticos, sociais, econômicos e culturais. Por meio de seus engajamentos, conquistaram oportunidades para suas famílias, garantiram diretos para crianças e adolescentes, batalharam pelo acesso à educação, saúde, assistência e inserção no mercado de trabalho.

As mulheres indígenas migrantes e refugiadas venezuelanas que migraram e continuam buscando no território brasileiro a sobrevivência e, para além dela, a reinserção no tecido social, trazem consigo esta marca de incansável, da procura por oportunidades, vencendo desafios, que nem imaginamos, quer seja do idioma, do respeito, da discriminação e da violência doméstica, entre tantos outros. Saudamos a todas as mulheres que, buscando o fortalecimento de suas relações de gênero, aproximam suas famílias e a comunidade de modo geral de um tempo em que a solidariedade, a fraternidade e a colaboração local fazem toda a diferença, quando almejam o bem comum.”

Relato de uma indígena refugiada

 Entre as mulheres indígenas atendidas pelo CCFI está Nuris Maria Suarez, 65 anos, que contabiliza em sua trajetória dois cursos de corte e costura e um de empreendedorismo.

Nuris relata que a formação recebida foi uma mudança de paradigma em sua vida. Antes vivia deprimida por não ter o que fazer e agora sente-se integrada à comunidade local, aprendeu nova língua e o mais importante, tem uma profissão.

Sua jornada teve início com a confecção de absorventes ecológicos, mas ela já se sente pronta para novos desafios. “Meu sonho é continuar costurando. Agora posso criar minhas próprias coisas, posso abrir meu negócio, posso fazer o que quiser”, diz, com convicção.

Dos cursos feitos, ela destaca o de Corte e Costura, ministrado pela Passarela Alternativa, que apresentou novas possibilidades de costura com material reciclado. “A gente aprendeu a fazer coisas que não conhecíamos. Foi muito bom”, comenta.

O sonho de Nuris em se profissionalizar e de encontrar seu espaço é o sonho de grande parte dos migrantes que deixou a Venezuela na condição de refugiados e há alguns anos vivem em terras brasileiras. “Eu sinto feliz aqui no Brasil, o que realmente eu queria está se tornando realidade.  Não só eu estou realizando um sonho, outras pessoas também.  Vejo aquela luz no fim do túnel, que ilumina, brilha, que dá força e vigor.  Sinto mais livre, mais motivada. Agradeço o apoio de todos os irmãos: brasileiros e não brasileiros e dos próprios irmãos indígenas.  Muito agradecida”.

Dia Internacional da Mulher 2023

“Por um mundo digital inclusivo: inovação e tecnologia para a igualdade de gênero” ´é o tema do Dia Internacional da Mulher 2023. “Ao comemorar o Dia Internacional da Mulher, as Nações Unidas reconhecem e celebram as mulheres e meninas que estão promovendo o avanço de tecnologias transformadoras e da educação digital”.

Inserir mulheres e meninas no mundo digital é uma forma transformadora de promover a igualdade de gênero. A ausência de mulheres neste espaço é relevante e tem custos enormes. De acordo com o relatório UN Women’s Gender Snapshot 2022, da ONU Mulheres, a exclusão das mulheres do mundo digital eliminou 1 trilhão de dólares do produto interno bruto de países de baixa e média renda na última década — uma perda que crescerá para 1,5 trilhão de dólares até 2025, se não houver nenhuma mudança.